PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Alice no País das Maravilhas
por Arthur Melo
Tim Burton sempre foi o maestro dos retoques obscuros em filmes que, a princípio, deveriam ser adoráveis e encantadores. À primeira vista, a ideia funcionou. Afinal, a coisa toda servia de elemento surpresa num momento do cinema em que raramente víamos diretores arriscarem uma debandada do público mais “correto” por conta de um ou outro pequeno susto onde até então não deveria existir. Com o passar do tempo, a mistura de cores e sombras delineou o que veio a ser a marca registrada de Tim Burton, garantindo ao diretor uma legião de fãs que vê no menor sinal de criatividade visual um jogo eloqüente de genialidade jamais achado nas telas. Contudo, para quem ainda procura enxergar à distância numa relutância para não se envolver emocionalmente – digamos assim –, o estilo Burton de filmar já se tornou repetitivo e bem longe de visionário.
Ao que parece, o próprio Tim notou a sua insistência e repetição. Não que isso o coloque como um diretor ruim, algo que ele definitivamente não é. Mas quando uma característica se torna tão gritante ao ponto de ser a única porta para ressalvas de alguém, então é sinal de que está na hora de se expandir. E, desde o ótimo Peixe Grande, Tim Burton vem tentando se readaptar. E A Fantástica Fábrica de Chocolate era o mais recente exemplo disto até agora.
Alice no País das Maravilhas, uma espécie de continuação do clássico que já ganhou inúmeras versões nas mais variadas formas de arte, é o resultado final deste processo do diretor. Recorrendo poucas vezes ao tom dark de outrora, o filme não passa de uma mera adaptação em live-action que, não fosse a escolha do mesmo elenco de favoritos de Tim, mal poderíamos enxergá-lo como responsável pelo filme. E não, isso não é um bom sinal, definitivamente.
A aventura, calcada num excelente 3D cuja qualidade de definição é muito superior ao comum, fascina mais pelas ideias que recriaram o País das Maravilhas na tela (agora com um outro nome) do que pela habilidade dos que de fato construíram o lugar e seus animais em aspectos totalmente artificiais, um ponto técnico que realmente pode incomodar. De qualquer maneira, em meio à ausência de personalidade em algumas deixas onde o antigo estilo de Burton cairia muito bem e excessos para gerar um espetáculo visual maior do que o necessário, Alice no País das Maravilhas se saiu uma boa produção para deslumbrar crianças com o colorido de sua fauna e flora ou entreter os que só precisam ler a assinatura do diretor para já dar um sinal de aceitação. Independente de quem for, ambos terão à frente a ótima oportunidade de ver Helena Bonham Carter em níveis superiores à Johnny Depp.
Com direção de Tim Burton, o longa chega ao Brasil no dia 16 de abril de 2010.
Pra loco só falta bater palma! derrr...
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